terça-feira, 8 de abril de 2014

[O novo modelo ferroviário (I)]


O custo da logística no Brasil está ao redor de 15% do PIB. Nos países mais desenvolvidos este percentual corresponde a  8% do PIB. Basicamente, isto significa que, entre o produtor e o embarque em um dos portos do país, temos uma diferença de competitividade, ou melhor, uma perda, ao redor de 100 bilhões de reais ao ano.

No momento em que passamos por uma necessidade de mudança de modelo de desenvolvimento, a importância de investimentos em logística é fundamental para podermos fazer frente às necessidades do país e conseguirmos uma taxa de crescimento sustentável. Neste ponto, gostaria de fazer uma breve reflexão sobre o tema ferroviário.

Indiscutivelmente, para avançarmos na melhoria do nosso custo de logística é fundamental a diversificação dos modais de transportes que temos. Principalmente no que se refere à carga. O modelo ferroviário é sempre lembrado a partir de exemplos dos países desenvolvidos. Claro que temos a possibilidade das hidrovias, mas esse tema fica para uma próxima oportunidade!

Analisando o nosso modelo ferroviário, verificamos que a partir do processo implantado na década de noventa, avançamos razoavelmente bem. Por exemplo, de 1997 a 2011 tivemos um crescimento de 1.154 a 3.014 no número de locomotivas (161%); de 43.800 a 99.500 em número de vagões (127%); de 137.000 para 292.000 unidade de toneladas transportadas (112%) e um aumento de 47% de participação na matriz de transportes. Saímos de uma participação das ferrovias de 17% para 25% no total, o que ainda é pouco em comparação com países com uma logística desenvolvida.No entanto, o potencial ainda é muito grande e há um bom espaço para crescimento.

Se analisarmos alguns indicadores verificamos isto. Por exemplo, atualmente temos 28.000 Km de malha ferroviária, onde apenas 3.000 Km estão em pleno uso; ou seja, temos 25.000 Km de potencial de uso subutilizado. Além disto, o compartilhamento de vias é muito baixo, ao redor de 9%.
Outro ponto a ser destacado é a característica do transporte - a grande concentração do transporte ferroviário no país, quase que 100%, é realizada em distâncias abaixo de 1.000 Km. quando em outros países 90% da utilização de ferrovias se dá em distâncias superiores a 2.000 Km.

Essa situação se deve a uma série de fatores tais como: incapacidade e falta de estímulo a expansão; ausência de competitividade intramodal; poucos atores na operação da infraestrutura e dos serviços e concentração dos serviços em curtas distâncias (pólos de desenvolvimento concentrados). O conjunto de fatores faz com que o transporte ferroviário não seja uma opção de larga escala, concentrando-se em setores específicos (mineração, combustíveis e grãos).

Portanto, uma nova forma de exploração ferroviária é necessária para o país. O modelo que se pretende adotar, denominado genericamente como Open Access, parece que atende a essa necessidade. No entanto, a explicação de como este modelo funciona e suas premissas serão pauta dos próximos artigos.

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